- Como você se imagina daqui a 10 anos, Alice? - perguntou sua mãe.
Alice parou para pensar. Debruçou seus braços sobre a mesa, observou o teto da cozinha, apoiou o queixo em uma das mãos, olhou para sua mãe e finalmente respondeu:
- Eu não sei. Tenho medo de imaginar.
Na verdade, aquela resposta era apenas uma desculpa esfarrapada de Alice, pois em sua mente já estava sendo formada uma bela história para si mesma.
Ela pensava em Paris na década de 50, com todas aquelas moças elegantes exibindo seus vestidos mais caros e lindos da Chanel, rapazes altos e elegantes desfrutando do clássico café parisiense e crianças andando de bicicleta e pulando corda em frente a suas casas. Aquele era o ano em que Alice gostaria de ter vivido, 1950.
Como boa parisiense -coisa que ela não era, mas gostaria de ser-, frequentava parques nos fins de semana, e durante a semana passava boas horas do dia escrevendo contos românticos nos cafés mais aconchegantes da cidade.
Alice se envolvia muito com cada personagem que criava, e imaginava se um dia iria encontrar alguém que lhe amasse como os rapazes amavam as moças na histórias em que escrevia.
Até que, certo dia, a resposta foi dada para Alice.
Enquanto ela andava de bicicleta pelas ruas de Paris, um belo rapaz surgiu. Ele trabalhava com seu avô colhendo morangos, e carregava uma cesta cheia deles.
Ela tentava pensar em algo para dizer ao rapaz, mas no momento nada lhe vinha em mente, e então, ela reparou que o rapaz se aproximava dela, com um lindo sorriso no rosto.
Pierre. Esse era o nome dele...
- Alice? Você está me escutando, menina?
- Me desculpe, mãe, tive alguns devaneios.